domingo, 15 de julho de 2012

Capítulo 14


Capítulo 14 

 Rotina


Eu estava estranhamente feliz nesses últimos dias, como se nada pudesse dar errado. Eu ficava um dia em casa e outro com ele, ninguém desconfiava, só o Nick e a Sel sabiam o verdadeiro motivo de minha alegria. 

_Como funcionam essas suas habilidades? Meu pai explicou mais eu não entendi muito bem_ ele perguntou enquanto andávamos pela floresta, sempre curioso pensei.
_Bom, qual delas você quer saber?
_Como é isso de ler pensamentos?_ ele parou de andar e eu o acompanhei.
_Bom, é só eu me concentrar em uma determinada pessoa e eu posso ouvir o que ela está pensando. Como se ela estivesse falando comigo.
_Uau, e... Você já leu a minha alguma vez?_ ele perguntou inocentemente mais eu podia ver a verdadeira curiosidade por detrás dos seus olhos.
_Não, eu não gosto disso. Eu tenho certeza que não ia querer saber tudo que as pessoas pensam e... Elas não gostariam que eu soubesse.
_Foi assim que você soube que o dinheiro do Michael Payne tava certo?
_Exato, se você soubesse o que ele pensou da gente_ eu sacudi a cabeça e ele riu.
_Mas eu estou curioso pra saber se isso funciona mesmo_ ele me encarou sério.
_Qual a idéia?
_O que eu estou pensando agora?

Eu o fitei por um segundo, não sabia se queria fazer isso mesmo. Mas não podia fazer nenhum mal, então me concentrei, ele esperou pela minha resposta.
“Eu te amo” 

_Eu também te amo_ respondi.
Ele sorriu_ Parece que funciona mesmo.


Eu continuei a andar, atravessando o rio, pulando devagar pelas pedras que formavam uma ponte. Me virei pra olhá-lo mais sem parar de andar, ele arregalou os olhos e riu quando me viu andando de costas sem a menor preocupação. 

_Exibida_ ele brincou.
_Você só queria saber da leitura de mentes?_ perguntei rindo de sua expressão.
Ele começou a andar de novo, me acompanhando_ Na verdade não, meu pai também me falou que você vê o futuro.
_É, mais ou menos. 
_Mais ou menos?
_Eu não controlo, as visões simplesmente acontecem. Vem a hora que querem. E eu não tive muitas até agora, porém acertei todas.
_Você pode me dizer o que você já viu?
_Lembra que eu usei minhas habilidades no seu pai?_ perguntei e dei as costas pra ele, pulando das pedras para beira do rio.
_Sim, o que tem?
_Eu previ o aconteceria àquela noite.
_E o que aconteceu exatamente?
_Se eu te contar o que vi, vou ter que contar o que fiz com seu pai e já disse que não vai rolar_ sorri.
_Você é teimosa em? Vai mesmo me deixar curioso?
_Vou sim, o seu pai que deve te contar.


Eu me virei de novo e ele estava parado atrás de mim, seu lindo rosto a poucos centímetros de distancia do meu. Prendi a respiração por instinto, ainda doía ficar muito perto dele.

_Eu vi você controlando o cara aquele dia, mais... Como é que você... Controla as pessoas eu não entendo muito bem_ enquanto ele falava seu hálito fresco bateu em meu rosto e eu quase me desconcentrei.
_Bem, eu... _ me afastei um pouco dele, e desviei os olhos de seu rosto_ Eu só entro na mente das pessoas e consigo que elas façam, vejam e pensem o que eu quero. É difícil explicar.
Ele colocou a mão em meu queixo e levantou meu rosto.
_E... A tal da... Como é o nome?
_Telecinesia? 
_Acho que é isso mesmo_ ele concordou me olhando nos olhos.
_Bem, essa é bem simples e bem legal_ eu sorri e me afastei dele, dando uns passos pra trás_ Ta vendo aquela pedra?_ eu apontei pra uma enorme pedra que estava no meio do rio.
_To sim_ ele afirmou.

Narrado pelo Joe
Ela me lançou um olhar malicioso, levantou a mão na direção da pedra e respirou fundo. Como que num passe de mágica a pedra saiu do lugar e começou a flutuar, como se não pesasse nada. 

_Legal né?_ ela perguntou sorridente.

Eu não disse nada, só fiquei olhando com cara de idiota, sem acreditar. Ela viu minha expressão e caiu na gargalhada.

_Não ri_ eu reclamei_ Isso é incrível.
_Divertido né?
_Você pode mover qualquer coisa?
_Qualquer coisa_ ela afirmou e a pedra caiu de volta no lugar, ela abaixou a mão e se virou pra mim.
_Até eu?


Ela não respondeu, ainda sorrindo se aproximou e me deu um selinho demorado. Minhas mãos, sem minha permissão foram pra sua cintura e a puxei pra perto de mim. Suas mãos se prenderam no meu cabelo e sua boca se abriu devagar. Ela correspondeu meu beijo automaticamente, mais depois foi ficando tensa e se afastou devagar.

_Se comporte por favor_ ela pediu sorrindo.
_Desculpe.
_Vamos_ ela pegou minha mão e nós continuamos a andar.

Depois de algum tempo andando, ela resolveu quebrar o silencio.

_Então vira-lata? Você não deveria ser metade homem, metade lobo? Se transformar só em lua cheia e essas coisas?
_Ha, essas coisas não são bem assim_ eu ri.
_Como são? 
_Bem, eu nunca gostei muito de ser um lobisomem, eu choraminguei muito até me acostumar e conformar.
_Porque não gostava?
_Eu não queria ser um monstro_ ergui os ombros_ Eu sempre soube no que me transformaria, mais... Eu dei um pouco de trabalho pro meu pai.
_Eu sei bem como é.
_Mais ai, eu me transformei, foi no meu aniversário de vinte anos_ lembrei_ noite de lua cheia.
_Era noite de lua cheia?
_Bom, agente se transforma quando quer, mais a primeira transformação é em noite de lua cheia. Foi quando eu parei de envelhecer, eu até gostei, achei divertido.
_Espera, vocês param de envelhecer quando se transformam a primeira vez, certo?
_Certo.


_Então porque seu pai é mais velho?
_Bom, quando você fica muito tempo sem se transformar você volta a envelhecer. O meu pai depois de acontecer alguma coisa com ele, resolveu que não queria mais essa vida e parou de se transformar, foi à mesma coisa com minha mãe. Mais não durou muito tempo.
_Ah_ foi só o que ela disse.
_Eu sempre fui bem forte, veloz. É a parte boa da historia e... Eu não tenho pulgas_ ri.
_É bom saber_ ela riu junto comigo_ é sempre nessa idade? Vinte anos?
_Não, varia entre dezoito e vinte cinco. Depende muito da pessoa.
_Tem razão, é bem mais interessante que nas histórias.

E assim se passou o resto do dia, andamos, e conversamos, fazendo perguntas sobre a vida um do outro. Até que ela teve que voltar pra casa.

Narrado pela Demi

Eu não queria ir pra casa, mais como tudo que é bom dura pouco... A primeira coisa que vi ao chegar em casa foi minha irmãzinha, com seu olhar venenoso de sempre, mais eu passei direto ainda sorridente e encontrei minha mãe.

_Oi mãe.
_Oi querida, você esta... Bem feliz hoje né?
_E porque não deveria?
_Não é isso, gosto de te ver assim só é estranho, você tava tão pra baixo ultimamente.
_Passou, foi só uma fase ruim.
_Que bom filha_ ela me abraçou, então se afastou com uma careta.
_Que foi?
_Que cheiro é esse em você?
Eu fiquei mais pálida que de costume_ Cheiro?_ me fiz de desentendida.
_É cheiro de cachorro... Você esteve com um lobisomem?_ ela perguntou não parecendo muito contente com a possibilidade.
_Eu esbarrei... Por acaso com um no caminho_ menti meio sem graça.
_Oh, por acaso foi aquele...
_Não... _ a interrompi_ foi outro.
_Ah, tudo bem então_ ela sorriu.
_Tudo bem_ eu respirei aliviada.

Sai dali antes que minha cara me entregasse, eu estava acostumada a mentir por causa do trabalho, de minha vida, mais não gostava de mentir pra minha mãe, ainda mais sobre algo tão importante.

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